terça-feira, 30 de junho de 2020


Prezadas amigas e prezados amigos, bom dia e feliz aniversario neste mês de julho!
Aposentei-me faz 21 anos e meio, aos 60 anos (TJ de SP): ainda não havia o CNJ, Levei prova escrita de atos de corrupção de um colega (família tradicional de São Paulo), para que fosse tomada alguma medida legal contra ele — os três (presidente, vice- e corregedor) disseram-me que isso poderia ser notícia de imprensa, coisa que deixaria a magistratura mal vista perante o povo. Pensei “ficar mal na imprensa não pode, mas um desembargador continuar com atos de corrupção pode”; resolvi me aposentar por tempo de serviço, Oxalá ninguém dentre vocês passe por constrangimento assim tão grande.
Abraço!
Mozar Costa de Oliveira, residente em Santos.


segunda-feira, 15 de junho de 2020


            TRAVESSIA
(Texto do advogado amigo, SÉRGIO SÉRVULO DA CUNHA)
A voz do meu amigo, ao telefone, deixa transparecer extrema irritação. Eu a percebo, e, nos meus pensamentos, analiso.
Da nossa expectativa de vida jamais fez parte algo como o sorrateiro e invisível coronavirus. Nossos medos, por isso, estavam insulados dentro do possível (do que julgávamos possível). Também não se incluía aí, como concebível, a insanidade de algumas lideranças e segmentos influentes.
Porque este é o óbvio ululante: quanto menos dure a quarentena, tanto mais irá durar a pandemia; e quanto mais durar a pandemia, maior a duração do isolamento: 2 + 2 = 4. Vejam que, tendo relaxado um exitoso isolamento, a Alemanha acaba de recuar, dado o recrudescimento da epidemia.
Aos estudiosos de ética costuma ser apresentado, como problema teórico, o chamado “dilema do bote”.  Quando vários náufragos se empilham num bote salva-vidas, o mais forte impede que suba, nele, um jovem: seu peso colocaria em risco a vida de todos. E se abre uma discussão: por que não atirar à água os feridos e os idosos?
Mas não estamos, agora, diante de um dilema: reabrir nossos negócios, ou fechar as portas. Estamos condenados, antes, a atravessar esse deserto. A realidade do deserto é aspereza, falta de ar e de alimento, penúria do corpo e da alma.
Mas, se não deixamos de ser humanos, temos dentro de nós, para essa travessia, os atributos da humanidade: a razão e a solidariedade. Elas nos acordam para os fios com que se tece a trama da vida, para o vínculo entre a desordem cósmica e a desordem social. Não permitamos que a irracionalidade contamine a nossa humanidade. A Constituição (art. 196) diz que a saúde é direito de todos, e é dever do Estado reduzir os riscos de doenças. Há dinheiro suficiente, no tesouro da União, para socorrer os desempregados, as micro e pequenas empresas. E o governo  disponibilizou, aos bancos, muitas vezes mais do que aos vulneráveis. Já sabíamos da desigualdade, que acreditávamos, entretanto, fazer parte do normal. Mas não éramos capazes de medir seu custo em vidas humanas, agora revelado na política suicida dos farsantes governamentais.
Ao horror do virus, somam-se o fatalismo criminoso, a insensibilidade moral e o oportunismo. O coronavirus mata, o bolsonavirus esfola.      


     




                       POETAS BRASILEIROS E PODER "MODERADOR"

    Ruy Castro sobre diversos poetas brasileiros https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2020/06/poesia-na-ilha.shtml
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     Poder "moderador" 


sexta-feira, 12 de junho de 2020

Carta de cardeal católico a Donald Trump

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Donald Trump https://www.google.com/search?q=Donald+Trump&oq=Donald+Trump&aqs=chrome.0.69i59j46j0l4j46j0.3670j0j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8


terça-feira, 9 de junho de 2020

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Negro detestador de negros
Quem é este brasileiro
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Jornalista e Ciro Gomes (homem com H).
https://www.youtube.com/watch?v=B629Q-ofcnI

1) MAL E BEM * 2) “PRESIDENTE” E O DECANO * 3) NEGRO DETESTADOR DE NEGROS

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2) Ainda a estupidez do tal “presidente” do Brasil
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3) Infeliz e infelicitante brasileiro negro que detesta nossos negros
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domingo, 7 de junho de 2020


RELIGIOSIDADE E POLÍTICA
1) HORÁRIO DE MISSAS

Santa Missa - Canção Nova

Santa Missa. Horários de Missas transmitidas pela TV Canção Nova: Segunda-feira: 7h – 12h – 15h30 – 19h30. Terça-feira ...

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Horário de Missa

O Portal Horário de Missas é um trabalho colaborativo onde você pode ... redes sociais ativas, nossas redes de TV e rádios católicas transmitindo sem cessar.".
19 de mar. de 2020 - Confira os horários das missas nas emissoras de televisão de inspiração católica. Redação 19 ... TV Aparecida. Domingo:
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2) MORO e BOLSONARO
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sábado, 6 de junho de 2020

A RACIONALIDADE E AS EMOÇÔES Prof. José Afonso de Oliveira O mundo moderno e agora denominado de pós moderno está assentado sobre essa realidade composta por racionalidade e emoção. Essa dupla situação, de alguma maneira, constrói toda a realidade do mundo atual. Vamos pensar nisso e, para tanto, buscarmos o pensamento dos grandes mestres do saber como Durkheim, Weber, Marx e Freud. Eles trabalharam e produziram um grande conhecimento dentro dessa grande disputa entre as questões pertinentes da racionalidade e da emoção. A RACIONALIDADE O homem nascido com a Revolução Francesa é sim um personagem dotado, exclusivamente, de racionalidade. O mundo anterior onde dominava a subjetividade expressa através da fé está sendo superado pela razão como caminho para a construção de uma nova sociedade. Sociedade esta que já existe, mas que agora vai buscar a sua hegemonia, o seu domínio sobre todas as relações sociais existentes tendo por base a racionalidade. A construção de uma sociedade industrial dentro do contexto do mundo capitalista exige para a sua própria existência e expansão um pensamento racional devidamente organizado. Para tanto alguns pensadores serão de fundamental importância por conseguirem, com sucesso, criar um novo homem e organizarem essa nova sociedade. Isso só será possível na medida em que o Positivismo de Augusto Comte se tornar conhecido, informando que o homem é um animal racional e tudo deve ser explicado a partir da razão. Assim o mundo natural, dotado de racionalidade será um modelo utilizado para organizar a sociedade. É nesse mundo social que vai se criar uma concepção da ordem para conseguirmos chegar a um nível de progresso. Isso, com o tempo, será transformado em um slogan, indicativo desse novo mundo como sendo a Ordem e o Progresso que organizam essa sociedade assentada e estruturada sobre uma concepção de racionalidade oposta e mesmo negando a emoção. Se desejarmos expressar de outra forma, o mundo da objetividade, ou seja do conhecimento, que se opõe ao mundo da subjetividade ou da emoção, no sentido da negação do mundo racional. Emile Durkheim vendo já a sociedade dividida entre os detentores de capitais e os detentores do trabalho vai propor uma questão importante no que diz respeito à racionalidade do conhecimento da própria sociedade. Isso quer dizer concretamente que ele vai tentar criar um método de estudo da sociedade baseado unicamente na racionalidade. Ele assim dá as condições, os parâmetros para uma análise racional da sociedade propondo o estudo do fato social com a sua devida neutralidade, garantindo assim a realização de uma observação racional. É dessa forma que ele está propondo, seguindo os passos de Augusto Comte, transformar os fatos sociais como ocorrências por exemplo que temos na Física. Observe que ele considera a divisão do trabalho já existente como uma coisa natural, sendo que essa nova ordem que é capaz de conduzir a sociedade para o progresso. Interessante, nesse contexto, observar que o homem não é mais dotado de emoção, subjetividade, mas tão somente de objetividade, de razão e que assim ele consegue trilhar o caminho do progresso. Nesse sentido ele vai dizer que o sistema educacional é regido pela disciplina, dentro de um quadro de separação entre alunos que são educados para ocuparem as suas devidas posições sociais na própria sociedade. É assim que a escola forma um médico que não é um personagem que trabalha apenas com os seus doentes, mas que ocupa uma determinada posição na sociedade, distinta daquela ocupada por um operário de uma fábrica, mas ambos são educados para estarem nessas posições que organiza, ordena a sociedade. Já Max Weber aceitando essa determinada ordem social vai aprofundar todo esse conhecimento racional ao identificar e criar a organização burocrática, baseada única e exclusivamente em princípios de racionalidade pura. Aparece aí o conceito de homem ideal, aquele que exerce uma determinada função dentro de uma organização burocrática qualquer sendo motivado exclusivamente pela racionalidade o que também para Weber parecia algo impossível, daí que ele coloque essa questão como sendo ideal. Mas Weber não é aquele sujeito que pensou a burocracia como uma organização burocrática como sendo a mais correta, a melhor para a sociedade, mas sim a existente, tanto que ele fala que a burocracia é uma máscara de ferro que o homem tem que carregar a vida inteira. Mas Max Weber vai muito mais longe buscando as suas raízes da racionalidade na sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo onde ele analisa o domínio do pensamento religioso na formação do capitalismo. A acumulação de capital é benéfica por ser um sinal claro de salvação, portanto a nova ordem capitalista é bem vinda e abençoada por Deus sendo que isso está posto por Calvino nas origens de um segmento protestante. Resumindo o pensamento de Weber é estritamente racional e, por conta disso a sociedade passa a ser organizada de acordo com essa racionalidade exposta nos princípios burocráticos. Já em Marx que também trabalha dentro da ótica racional, pois que todo o seu pensamento dialético está assentado sobre a racionalidade. Mas Marx segue a tradição oriunda de divisão social do trabalho exposta nos opostos dialéticos entre os detentores do capital e os detentores do trabalho onde poderá ocorrer uma inversão na medida em que os detentores do trabalho adquirindo consciência de classe passem a ser dominantes na sociedade, ou seja, que através da própria racionalidade eles possam ter o conhecimento do funcionamento dessa sociedade. É muito interessante perceber em Marx os conceitos de estado ou de cultura que sendo abstratos, não racionais, não são também contemplados em toda a sua análise da sociedade pois que não cabe aí um pensamento racional segundo a ótica em que ele está analisando a sociedade. Ele simplesmente vai dizer que cultura e estado correspondem a super estrutura, como um reflexo da infraestrutura dialética da sociedade. Ele simplesmente está usando um método racional para tentar analisar a sociedade pois que ele está também dentro desse contexto do mundo da racionalidade de sua época. Até aqui temos o domínio da racionalidade como um caminho seguro tanto para organizar a sociedade dentro de um contexto de determinada ordem para chegar a um progresso, surgindo assim o homem racional, ou seja, aquele que age apenas motivado por princípios e condutas racionais exclusivamente. A tudo isso vai se opor uma escola de pensamento cultural denominada de romantismo onde o homem volta-se inteira e exclusivamente para a natureza. Há todo um bucolismo, uma saudade do homem do campo contrapondo-se ao homem urbano, burguês e industrial. A esse homem frio, racional, sem emoções, vamos ter agora um homem altamente emocionado, vibrante, quente no seu contato e viver na natureza onde ele novamente passa a enxergar um novo paraíso terrestre. É o homem das paixões, das fortes emoções que se dedica não tanto ao trabalho, muito mais aos sentimentos afetivos, nobres de conquistas amorosas, de grandes amores não realizados, enfim um homem profundamente sentimental e nada afeto às questões da racionalidade. De alguma forma ele nega a racionalidade pois que agora ele é pura emoção que lhe possibilita caminhar para uma grande felicidade. EMOÇÃO É nos finais do século XIX, em pleno Império Austro-Húngaro em Viena, sua capital, que nasce e se forma médico Sigmund Freud. Fará estágios de aprendizagem médica em Paris e, retornando para Viena começa o seu trabalho como médico. Não será, no entanto, um médico convencional como todos os outros que existem, mas vai caminhar por uma área inexistente que vai estudar com afinco e iniciar tanto o seu trabalho teórico, quanto prático. Por dessa sua posição será perseguido, mal visto desde os anos iniciais até o final de sua vida. Seu pensamento científico será negado por muitos, tanto na Áustria, quanto também fora dela. Evidente que ele vá sentir vários dissabores, mas não vai conseguir esmorecer, muito pelo contrário, trabalhará arduamente para desenvolver as suas teorias. Bom lembrar que estamos fazendo referência a um período em que a medicina tinha ainda muito pouco conhecimento acumulado no que diz respeito às doenças neurológicas, bem como aos procedimentos de tratamento. O que recomendava como terapia era simplesmente retirar o paciente do convívio social, sendo ele recolhido a um hospício onde ele ficava praticamente até a sua morte. Em pacientes violentos o que era a grande maioria, eram submetidos a vários procedimentos para acalmar os seus transtornos e nada mais era possível dado o pouco conhecimento nessa área específica. Freud conhecia esses procedimentos pois que havia feito um estágio em Paris, porém não concordava com os tratamentos então utilizados e vai procurar outros caminhos para atender pessoas acometidas desses distúrbios que ele vai também buscar entender e classificar. Ele cria um método de análise conhecido como psicanálise. Consiste basicamente em analisar os sonhos do paciente, ou se quisermos entender melhor um estudo aprofundado do inconsciente e como ele funciona. Freud vai defender que todo o seu método de estudo, ou seja, a psicanálise é racional, sendo duramente criticado porque tal estudo era interpretado como sendo altamente emocional e, nem um pouco racional. Estamos, portanto, diante de uma realidade inteiramente nova e distinta no plano do conhecimento, já que este era unicamente compreensível pela racionalidade jamais pela emotividade. Nesse contexto as ciências já estavam subdivididas e classificadas, assim sendo já havia um cabedal bastante significativo de avanços dentro dessa proposta racional do conhecimento. Ora, os sonhos não cabiam dentro dessa concepção racional, porém eles existiam e Freud vai trabalhar essa questão para mostrar que eles são reveladores de toda uma série enorme de procedimentos que ele vai revelar e escrever, tratando os seus pacientes. Mas antes de fazer isso e mesmo durante todo os atendimentos que ele realiza com seus pacientes ele também se submete a uma análise detalhada de seus sonhos para indicar, compreender vários e diferentes procedimentos que ele tem em toda a sua existência. Isso quer dizer que a sua própria vida é transformada em objeto de estudo, antes mesmo que possa atender a seus pacientes mas será aprofundada, com o passar do tempo e durante os atendimentos de seus pacientes para que ele possa conseguir melhor entender tudo o que se passa no inconsciente e aí escrever toda a sua teoria. RACIONALIDADE X EMOÇÃO Freud tinha plena consciência do embate entre racionalidade versus emoção na condução de todo o seu trabalho. Era, por conta disso, muito criticado pois médicos e outros pensadores sempre o identificaram como alguém que trabalhou muito mais com a emoção do que com a razão, como sendo a emoção o caminho de todos os seus procedimentos. Fica claro aqui que de imediato podemos perceber que, evidentemente que todo o trabalho realizado por Freud não é jamais idêntico ao que se realiza numa medicina tradicional ou então em pesquisas com a área da Física, Química ou mesmo da Matemática. Mas podemos perceber igualmente que, por exemplo, a matemática trabalha com a abstração dos conceitos da lógica o que a difere da física e da química exatamente no que concerne aos objetivos desses conhecimentos. A física e a química trabalham com objetos materialmente visíveis e identificáveis a matemática, ao contrário não tem objetivos visíveis e identificáveis, mas é considera no ramo das ciências exatas, dentro dos seus conceitos da lógica. É sabido que Freud trabalhou com hipnose, mas abandonou esse procedimento exatamente por não reconhecer nele nenhum princípio científico, passando então a conceber os seus procedimentos científicos próprios e bem distintos dos existentes até aquele momento no mundo do conhecimento. Ao determinar os sonhos como o caminho para desnudar todo o inconsciente das pessoas ele começa a traçar o seu método científico próprio visando a ter um conhecimento o maior possível da pessoa. Rememorar no passado para tentar entender o presente é para Freud essencial na condução de uma possível terapia eficaz para alguns casos de doenças neurológicas profundas. Até a época de Freud a ciência médica conhecia muito pouco ou nada a respeito das doenças neurológicas só percebendo as suas manifestações e, como sendo estes desvios de comportamento social consensualmente aceito, era necessário a exclusão social dessas pessoas em locais apropriados para terapias que somente realizavam tratamentos para restringirem atos de maior violência e alta periculosidade. Freud vai criar uma listagem de signos que indicam problemas existentes e revelados em sonhos. Assim ao sonhar com determinado animal, situação isso passa a ser indicativo de problemas vivenciados no passado ou mesmo no presente que demonstram caminhos para a orientação possível, fornecida pelo analista para a supressão definitiva da situação que se apresenta. Portanto para Freud se coloca uma situação concreta entre o analista e o analisado de perfeita separação, sem qualquer interferência que possibilite uma mudança na situação inicialmente apresentada. É também por conta dessa questão que a análise do paciente tem dia e hora predeterminados com a finalidade de evitar qualquer tipo de extrapolação que venha a prejudicar a análise por interferência indevida. Veja que nessa situação Freud coloca o personagem do paciente analisado em total e completa neutralidade, evidentemente determinado pelo método científico que ele está utilizando racionalmente, tendo como modelos os procedimentos em outros campos do conhecimento. Mas o próprio ato de revelar a sua subjetividade através dos sonhos indica também toda a carga fortemente emocional que está sendo revelada e vai ser devidamente utilizada em todo o processo de análise pois que se torna, impraticável a separação com a racionalidade, ou melhor dizendo, há um campo emocional que tem que ser amplamente utilizado como forma de conhecimento do paciente, uma vez que ele mesmo está revelando aspectos importantes a respeito de seu conhecimento mais íntimo e profundo. Essa contradição, aparente ou real, entre a razão e a emoção fica muito clara na análise psicanalítica possibilitando assim a abertura de um novo procedimento para o conhecimento científico que não deve e nem pode ser desprezada. Mas todo cuidado é pouco e isso aparece quando Freud indica a posição que o paciente deve ficar, deitado, em um sofá, confortável, mas colocando o analista atrás da cabeça do paciente de sorte a que ele possa perceber as manifestações do paciente sem ser visto por ele. Isso é muito importante e significativo no sentido de evitar qualquer tipo de influência do analista sobre o paciente. Penso que Freud procura racionalizar aspectos que possam ser entendidos como racionais, por exemplo, uma espécie de comportamento padrão por parte de todas as pessoas, ou seja, os sonhos revelariam sempre sinais semelhantes de procedimentos próprios das pessoas. O exemplo em que ele trabalha exaustivamente a figura paterna para indicar procedimentos de personalidade está bem dentro dessa ótica. Assim sendo podemos identificar o pai como sendo indutor de comportamentos para as pessoas em todos os tempos e momentos pois que essa observação tem um caráter racional bem acentuado e marcado. Em qualquer momento do passado ou do presente, em qualquer local do planeta sempre a figura paterna terá essa referência para comportamentos que geralmente são manifestados na vida adulta das pessoas e, decorrente desse fato, é possível e viável induzir as terapias de controle e correção de sorte a indicar curas para os pacientes. Agora creio que temos aqui um problema muito importante na medida em que muitas questões levantadas por Freud não se encaixam nas condições racionais de observação, deduzindo que ele conseguiu caminhar por outros caminhos, importantes sim, para chegar a conclusões que permitam redirecionar os comportamentos de seus pacientes. Por conta disso vejo como sendo o ponto essencial do pensamento freudiano a questão que ele mesmo admite como sendo a pulsão sexual, quer dizer que a sexualidade é a marca fundamental do comportamento humano em sociedade. Nesse sentido as pessoas agem de determinados modos porque pensam e, mais do que isso, porque sentem impulsos de origem sexual, daí decorrendo a questão da importância e, mais do que isso, da centralidade da sexualidade na vida das pessoas. Aqui é bom pensarmos no tempo de Freud onde era extremamente difícil, senão mesmo impossível levantar as questões da sexualidade seja em público ou mesmo privadamente. A repressão moral existente naquele mundo do século XIX era muito mais marcada e acentuada dos que é nos dias atuais, quer dizer falar de sexualidade era algo quase que impensável. Médicos tratavam da questão da sexualidade quando de pacientes problemáticos ou com doenças que indicavam ter origem nas partes sexuais, mas mesmo assim as suspeitas eram muito grandes e os cuidados tinham que ser enormes para não ser taxado de imoral, pernicioso ou coisas semelhantes. Não é de admirar que Freud passou por toda uma série de problemas na sua vida, exatamente decorrentes dessas questões relativas à sexualidade. É bom pensar que a sexualidade evoca não tanto a racionalidade, mas muito os sentimentos, as emoções não sendo descabido perceber que a sexualidade é muito trabalhada nas artes, literatura etc. mesmo na época de Freud o que indica a predominância da emoção em detrimento da razão. Ora como Freud coloca a pulsão sexual como sendo a essência do ser humano, logicamente que o aspecto emocional está sendo colocado como central na vida das pessoas, superando de longe as questões racionais. O mais interessante é podermos verificar como Freud trata as questões emocionais como, por exemplo, as pulsões sexuais senão pela tentativa de racionalizar toda a análise a mesma utilizada para casos ditos racionais. Portanto em que pesem as diferenças os procedimentos são bastante parecidos. Outra questão relevante é que Freud mesmo que tendo várias críticas à questão do impulso sexual como sendo a centralidade da vida das pessoas, tem um grande mérito, na medida em que desvela e aprofunda a discussão pertinente à questão da sexualidade humana. Se hoje as questões sexuais são amplamente expostas até mesmo com um tom muito acentuado de exploração econômica, tudo isso tem um pouco ou muito do trabalho realizado por Freud. Claro que atualmente todos entendem a importância da sexualidade na convivência social, na formação e desenvolvimento da personalidade, mas hoje estamos bem cientes que não é o centro do ser humano, mas uma parte muito importante e bem relevante. Dessa maneira Freud vai implantar uma questão muito significativa na medida em que, analisando aspectos da emoção, sensibilidade, na vida das pessoas que permitem determinados comportamentos sociais, deixa bem claro que o homem não é apenas e tão somente um ser racional, como se pensava desde os primórdios do Iluminismo mas também é dotado de sensibilidade, de emoção que é absolutamente fundamental no seu desenvolvimento social. Sem a emoção seremos homens e mulheres extremamente complicados pois que falta um aspecto importante em nossa constituição psíquica e isso é, em grande parte, devido ao pensamento de Freud que descobriu essa questão e todas as suas implicações. Era próprio do seu tempo e até hoje ainda é muito significativo colocar as questões da racionalidade e da emoção interligadas aos aspectos de gênero, assim os homens são dotados de racionalidade enquanto as mulheres de emoção, sensibilidade mais proeminente do que a racionalidade que praticamente é inexistente. Prova disso está posto no comando masculino na sociedade sob vários aspectos que vão do poder em si até as organizações empresariais, culturais, científicas etc. enquanto às mulheres tem acesso ainda muito restrito nesses ambientes ficando muito mais reservadas aos limites da residência e do cuidado dos filhos, veja que as coisas se entrecruzam no nosso mundo ainda de forma muito acentuada, mundo este ocidental mas no oriente ainda esses aspectos são proeminentes e bem mais acentuados. Mas podemos entender que nos dias atuais o conhecimento é muito mais abrangente não podendo ficar preso a uma única concepção de racionalidade, mesmo que importante, mas estando aberta para a questão da emoção, da sensibilidade. Em termos mais técnicos a objetividade é fundamental em toda o caminho do conhecimento, tanto quanto também a subjetividade também tem seus caminhos próprios, sendo de fundamental importância para o conhecimento atual. É possível e, certamente, há muito ainda a caminhar, mas a aproximação da objetividade e da subjetividade permite um conhecimento muito mais amplo, mais profundo que se faz necessário no mundo que estamos inseridos. Há questões que estão sendo propostas como, por exemplo, a inteligência artificial, a física quântica, a biopolítica e tantos outros campos recentes onde novos procedimentos de pesquisa e observação vão ser colocados envolvendo razão e emoção em níveis muito próximos. Das descobertas do inconsciente realizadas originalmente por Freud se colocam hoje questões muito mais complexas no que tange ao chamado do imaginário social que seduz e conduz muitos para finalidades diversas na sociedade, nem sempre as melhores, porém muito fortes. Há campos a serem trabalhados e pesquisadores, mundo afora, estão realizando vários e diferentes trabalhos que indicam novas aberturas, novas convivências na área do conhecimento que são absolutamente necessárias dado tudo o que estamos vivenciando. No momento em que estamos vivendo a globalização e a transformação provocada por uma mudança de época tudo isso tende a aprofundar a vida em sociedade buscando alternativas e novos caminhos para a melhor convivência humana.