A RACIONALIDADE E AS EMOÇÔES
Prof. José Afonso de Oliveira
O mundo moderno e agora denominado de pós moderno está assentado
sobre essa realidade composta por racionalidade e emoção. Essa dupla
situação, de alguma maneira, constrói toda a realidade do mundo atual. Vamos
pensar nisso e, para tanto, buscarmos o pensamento dos grandes mestres do
saber como Durkheim, Weber, Marx e Freud. Eles trabalharam e produziram um
grande conhecimento dentro dessa grande disputa entre as questões pertinentes
da racionalidade e da emoção.
A RACIONALIDADE
O homem nascido com a Revolução Francesa é sim um personagem
dotado, exclusivamente, de racionalidade. O mundo anterior onde dominava a
subjetividade expressa através da fé está sendo superado pela razão como
caminho para a construção de uma nova sociedade. Sociedade esta que já
existe, mas que agora vai buscar a sua hegemonia, o seu domínio sobre todas
as relações sociais existentes tendo por base a racionalidade.
A construção de uma sociedade industrial dentro do contexto do mundo
capitalista exige para a sua própria existência e expansão um pensamento
racional devidamente organizado. Para tanto alguns pensadores serão de
fundamental importância por conseguirem, com sucesso, criar um novo homem
e organizarem essa nova sociedade.
Isso só será possível na medida em que o Positivismo de Augusto Comte
se tornar conhecido, informando que o homem é um animal racional e tudo deve
ser explicado a partir da razão. Assim o mundo natural, dotado de racionalidade
será um modelo utilizado para organizar a sociedade.
É nesse mundo social que vai se criar uma concepção da ordem para
conseguirmos chegar a um nível de progresso. Isso, com o tempo, será
transformado em um slogan, indicativo desse novo mundo como sendo a Ordem
e o Progresso que organizam essa sociedade assentada e estruturada sobre
uma concepção de racionalidade oposta e mesmo negando a emoção. Se
desejarmos expressar de outra forma, o mundo da objetividade, ou seja do
conhecimento, que se opõe ao mundo da subjetividade ou da emoção, no
sentido da negação do mundo racional.
Emile Durkheim vendo já a sociedade dividida entre os detentores de
capitais e os detentores do trabalho vai propor uma questão importante no que
diz respeito à racionalidade do conhecimento da própria sociedade. Isso quer
dizer concretamente que ele vai tentar criar um método de estudo da sociedade
baseado unicamente na racionalidade.
Ele assim dá as condições, os parâmetros para uma análise racional da
sociedade propondo o estudo do fato social com a sua devida neutralidade,
garantindo assim a realização de uma observação racional. É dessa forma que
ele está propondo, seguindo os passos de Augusto Comte, transformar os fatos
sociais como ocorrências por exemplo que temos na Física.
Observe que ele considera a divisão do trabalho já existente como uma
coisa natural, sendo que essa nova ordem que é capaz de conduzir a sociedade
para o progresso.
Interessante, nesse contexto, observar que o homem não é mais dotado
de emoção, subjetividade, mas tão somente de objetividade, de razão e que
assim ele consegue trilhar o caminho do progresso. Nesse sentido ele vai dizer
que o sistema educacional é regido pela disciplina, dentro de um quadro de
separação entre alunos que são educados para ocuparem as suas devidas
posições sociais na própria sociedade.
É assim que a escola forma um médico que não é um personagem que
trabalha apenas com os seus doentes, mas que ocupa uma determinada posição
na sociedade, distinta daquela ocupada por um operário de uma fábrica, mas
ambos são educados para estarem nessas posições que organiza, ordena a
sociedade.
Já Max Weber aceitando essa determinada ordem social vai aprofundar
todo esse conhecimento racional ao identificar e criar a organização burocrática,
baseada única e exclusivamente em princípios de racionalidade pura.
Aparece aí o conceito de homem ideal, aquele que exerce uma
determinada função dentro de uma organização burocrática qualquer sendo
motivado exclusivamente pela racionalidade o que também para Weber parecia
algo impossível, daí que ele coloque essa questão como sendo ideal.
Mas Weber não é aquele sujeito que pensou a burocracia como uma
organização burocrática como sendo a mais correta, a melhor para a sociedade,
mas sim a existente, tanto que ele fala que a burocracia é uma máscara de ferro
que o homem tem que carregar a vida inteira.
Mas Max Weber vai muito mais longe buscando as suas raízes da
racionalidade na sua obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo onde
ele analisa o domínio do pensamento religioso na formação do capitalismo. A
acumulação de capital é benéfica por ser um sinal claro de salvação, portanto a
nova ordem capitalista é bem vinda e abençoada por Deus sendo que isso está
posto por Calvino nas origens de um segmento protestante.
Resumindo o pensamento de Weber é estritamente racional e, por conta
disso a sociedade passa a ser organizada de acordo com essa racionalidade
exposta nos princípios burocráticos.
Já em Marx que também trabalha dentro da ótica racional, pois que todo
o seu pensamento dialético está assentado sobre a racionalidade.
Mas Marx segue a tradição oriunda de divisão social do trabalho exposta
nos opostos dialéticos entre os detentores do capital e os detentores do trabalho
onde poderá ocorrer uma inversão na medida em que os detentores do trabalho
adquirindo consciência de classe passem a ser dominantes na sociedade, ou
seja, que através da própria racionalidade eles possam ter o conhecimento do
funcionamento dessa sociedade.
É muito interessante perceber em Marx os conceitos de estado ou de
cultura que sendo abstratos, não racionais, não são também contemplados em
toda a sua análise da sociedade pois que não cabe aí um pensamento racional
segundo a ótica em que ele está analisando a sociedade. Ele simplesmente vai
dizer que cultura e estado correspondem a super estrutura, como um reflexo da
infraestrutura dialética da sociedade.
Ele simplesmente está usando um método racional para tentar analisar a
sociedade pois que ele está também dentro desse contexto do mundo da
racionalidade de sua época.
Até aqui temos o domínio da racionalidade como um caminho seguro tanto
para organizar a sociedade dentro de um contexto de determinada ordem para
chegar a um progresso, surgindo assim o homem racional, ou seja, aquele que
age apenas motivado por princípios e condutas racionais exclusivamente. A tudo
isso vai se opor uma escola de pensamento cultural denominada de romantismo
onde o homem volta-se inteira e exclusivamente para a natureza. Há todo um
bucolismo, uma saudade do homem do campo contrapondo-se ao homem
urbano, burguês e industrial.
A esse homem frio, racional, sem emoções, vamos ter agora um homem
altamente emocionado, vibrante, quente no seu contato e viver na natureza onde
ele novamente passa a enxergar um novo paraíso terrestre.
É o homem das paixões, das fortes emoções que se dedica não tanto ao
trabalho, muito mais aos sentimentos afetivos, nobres de conquistas amorosas,
de grandes amores não realizados, enfim um homem profundamente
sentimental e nada afeto às questões da racionalidade.
De alguma forma ele nega a racionalidade pois que agora ele é pura
emoção que lhe possibilita caminhar para uma grande felicidade.
EMOÇÃO
É nos finais do século XIX, em pleno Império Austro-Húngaro em Viena,
sua capital, que nasce e se forma médico Sigmund Freud. Fará estágios de
aprendizagem médica em Paris e, retornando para Viena começa o seu trabalho
como médico.
Não será, no entanto, um médico convencional como todos os outros que
existem, mas vai caminhar por uma área inexistente que vai estudar com afinco
e iniciar tanto o seu trabalho teórico, quanto prático.
Por dessa sua posição será perseguido, mal visto desde os anos iniciais
até o final de sua vida. Seu pensamento científico será negado por muitos, tanto
na Áustria, quanto também fora dela. Evidente que ele vá sentir vários
dissabores, mas não vai conseguir esmorecer, muito pelo contrário, trabalhará
arduamente para desenvolver as suas teorias.
Bom lembrar que estamos fazendo referência a um período em que a
medicina tinha ainda muito pouco conhecimento acumulado no que diz respeito
às doenças neurológicas, bem como aos procedimentos de tratamento.
O que recomendava como terapia era simplesmente retirar o paciente do
convívio social, sendo ele recolhido a um hospício onde ele ficava praticamente
até a sua morte. Em pacientes violentos o que era a grande maioria, eram
submetidos a vários procedimentos para acalmar os seus transtornos e nada
mais era possível dado o pouco conhecimento nessa área específica.
Freud conhecia esses procedimentos pois que havia feito um estágio em
Paris, porém não concordava com os tratamentos então utilizados e vai procurar
outros caminhos para atender pessoas acometidas desses distúrbios que ele vai
também buscar entender e classificar.
Ele cria um método de análise conhecido como psicanálise. Consiste
basicamente em analisar os sonhos do paciente, ou se quisermos entender
melhor um estudo aprofundado do inconsciente e como ele funciona.
Freud vai defender que todo o seu método de estudo, ou seja, a
psicanálise é racional, sendo duramente criticado porque tal estudo era
interpretado como sendo altamente emocional e, nem um pouco racional.
Estamos, portanto, diante de uma realidade inteiramente nova e distinta
no plano do conhecimento, já que este era unicamente compreensível pela
racionalidade jamais pela emotividade.
Nesse contexto as ciências já estavam subdivididas e classificadas, assim
sendo já havia um cabedal bastante significativo de avanços dentro dessa
proposta racional do conhecimento.
Ora, os sonhos não cabiam dentro dessa concepção racional, porém eles
existiam e Freud vai trabalhar essa questão para mostrar que eles são
reveladores de toda uma série enorme de procedimentos que ele vai revelar e
escrever, tratando os seus pacientes.
Mas antes de fazer isso e mesmo durante todo os atendimentos que ele
realiza com seus pacientes ele também se submete a uma análise detalhada de
seus sonhos para indicar, compreender vários e diferentes procedimentos que
ele tem em toda a sua existência.
Isso quer dizer que a sua própria vida é transformada em objeto de estudo,
antes mesmo que possa atender a seus pacientes mas será aprofundada, com
o passar do tempo e durante os atendimentos de seus pacientes para que ele
possa conseguir melhor entender tudo o que se passa no inconsciente e aí
escrever toda a sua teoria.
RACIONALIDADE X EMOÇÃO
Freud tinha plena consciência do embate entre racionalidade versus
emoção na condução de todo o seu trabalho. Era, por conta disso, muito criticado
pois médicos e outros pensadores sempre o identificaram como alguém que
trabalhou muito mais com a emoção do que com a razão, como sendo a emoção
o caminho de todos os seus procedimentos.
Fica claro aqui que de imediato podemos perceber que, evidentemente
que todo o trabalho realizado por Freud não é jamais idêntico ao que se realiza
numa medicina tradicional ou então em pesquisas com a área da Física, Química
ou mesmo da Matemática. Mas podemos perceber igualmente que, por exemplo,
a matemática trabalha com a abstração dos conceitos da lógica o que a difere
da física e da química exatamente no que concerne aos objetivos desses
conhecimentos. A física e a química trabalham com objetos materialmente
visíveis e identificáveis a matemática, ao contrário não tem objetivos visíveis e
identificáveis, mas é considera no ramo das ciências exatas, dentro dos seus
conceitos da lógica.
É sabido que Freud trabalhou com hipnose, mas abandonou esse
procedimento exatamente por não reconhecer nele nenhum princípio científico,
passando então a conceber os seus procedimentos científicos próprios e bem
distintos dos existentes até aquele momento no mundo do conhecimento.
Ao determinar os sonhos como o caminho para desnudar todo o
inconsciente das pessoas ele começa a traçar o seu método científico próprio
visando a ter um conhecimento o maior possível da pessoa. Rememorar no
passado para tentar entender o presente é para Freud essencial na condução
de uma possível terapia eficaz para alguns casos de doenças neurológicas
profundas.
Até a época de Freud a ciência médica conhecia muito pouco ou nada a
respeito das doenças neurológicas só percebendo as suas manifestações e,
como sendo estes desvios de comportamento social consensualmente aceito,
era necessário a exclusão social dessas pessoas em locais apropriados para
terapias que somente realizavam tratamentos para restringirem atos de maior
violência e alta periculosidade.
Freud vai criar uma listagem de signos que indicam problemas existentes
e revelados em sonhos. Assim ao sonhar com determinado animal, situação isso
passa a ser indicativo de problemas vivenciados no passado ou mesmo no
presente que demonstram caminhos para a orientação possível, fornecida pelo
analista para a supressão definitiva da situação que se apresenta.
Portanto para Freud se coloca uma situação concreta entre o analista e o
analisado de perfeita separação, sem qualquer interferência que possibilite uma
mudança na situação inicialmente apresentada. É também por conta dessa
questão que a análise do paciente tem dia e hora predeterminados com a
finalidade de evitar qualquer tipo de extrapolação que venha a prejudicar a
análise por interferência indevida.
Veja que nessa situação Freud coloca o personagem do paciente
analisado em total e completa neutralidade, evidentemente determinado pelo
método científico que ele está utilizando racionalmente, tendo como modelos os
procedimentos em outros campos do conhecimento.
Mas o próprio ato de revelar a sua subjetividade através dos sonhos indica
também toda a carga fortemente emocional que está sendo revelada e vai ser
devidamente utilizada em todo o processo de análise pois que se torna,
impraticável a separação com a racionalidade, ou melhor dizendo, há um campo
emocional que tem que ser amplamente utilizado como forma de conhecimento
do paciente, uma vez que ele mesmo está revelando aspectos importantes a
respeito de seu conhecimento mais íntimo e profundo. Essa contradição,
aparente ou real, entre a razão e a emoção fica muito clara na análise
psicanalítica possibilitando assim a abertura de um novo procedimento para o
conhecimento científico que não deve e nem pode ser desprezada.
Mas todo cuidado é pouco e isso aparece quando Freud indica a posição
que o paciente deve ficar, deitado, em um sofá, confortável, mas colocando o
analista atrás da cabeça do paciente de sorte a que ele possa perceber as
manifestações do paciente sem ser visto por ele. Isso é muito importante e
significativo no sentido de evitar qualquer tipo de influência do analista sobre o
paciente.
Penso que Freud procura racionalizar aspectos que possam ser
entendidos como racionais, por exemplo, uma espécie de comportamento
padrão por parte de todas as pessoas, ou seja, os sonhos revelariam sempre
sinais semelhantes de procedimentos próprios das pessoas.
O exemplo em que ele trabalha exaustivamente a figura paterna para
indicar procedimentos de personalidade está bem dentro dessa ótica. Assim
sendo podemos identificar o pai como sendo indutor de comportamentos para
as pessoas em todos os tempos e momentos pois que essa observação tem um
caráter racional bem acentuado e marcado.
Em qualquer momento do passado ou do presente, em qualquer local do
planeta sempre a figura paterna terá essa referência para comportamentos que
geralmente são manifestados na vida adulta das pessoas e, decorrente desse
fato, é possível e viável induzir as terapias de controle e correção de sorte a
indicar curas para os pacientes.
Agora creio que temos aqui um problema muito importante na medida em
que muitas questões levantadas por Freud não se encaixam nas condições
racionais de observação, deduzindo que ele conseguiu caminhar por outros
caminhos, importantes sim, para chegar a conclusões que permitam redirecionar
os comportamentos de seus pacientes.
Por conta disso vejo como sendo o ponto essencial do pensamento
freudiano a questão que ele mesmo admite como sendo a pulsão sexual, quer
dizer que a sexualidade é a marca fundamental do comportamento humano em
sociedade.
Nesse sentido as pessoas agem de determinados modos porque pensam
e, mais do que isso, porque sentem impulsos de origem sexual, daí decorrendo
a questão da importância e, mais do que isso, da centralidade da sexualidade na
vida das pessoas.
Aqui é bom pensarmos no tempo de Freud onde era extremamente difícil,
senão mesmo impossível levantar as questões da sexualidade seja em público
ou mesmo privadamente.
A repressão moral existente naquele mundo do século XIX era muito mais
marcada e acentuada dos que é nos dias atuais, quer dizer falar de sexualidade
era algo quase que impensável. Médicos tratavam da questão da sexualidade
quando de pacientes problemáticos ou com doenças que indicavam ter origem
nas partes sexuais, mas mesmo assim as suspeitas eram muito grandes e os
cuidados tinham que ser enormes para não ser taxado de imoral, pernicioso ou
coisas semelhantes.
Não é de admirar que Freud passou por toda uma série de problemas na
sua vida, exatamente decorrentes dessas questões relativas à sexualidade. É
bom pensar que a sexualidade evoca não tanto a racionalidade, mas muito os
sentimentos, as emoções não sendo descabido perceber que a sexualidade é
muito trabalhada nas artes, literatura etc. mesmo na época de Freud o que indica
a predominância da emoção em detrimento da razão.
Ora como Freud coloca a pulsão sexual como sendo a essência do ser
humano, logicamente que o aspecto emocional está sendo colocado como
central na vida das pessoas, superando de longe as questões racionais.
O mais interessante é podermos verificar como Freud trata as questões
emocionais como, por exemplo, as pulsões sexuais senão pela tentativa de
racionalizar toda a análise a mesma utilizada para casos ditos racionais. Portanto
em que pesem as diferenças os procedimentos são bastante parecidos.
Outra questão relevante é que Freud mesmo que tendo várias críticas à
questão do impulso sexual como sendo a centralidade da vida das pessoas, tem
um grande mérito, na medida em que desvela e aprofunda a discussão
pertinente à questão da sexualidade humana.
Se hoje as questões sexuais são amplamente expostas até mesmo com
um tom muito acentuado de exploração econômica, tudo isso tem um pouco ou
muito do trabalho realizado por Freud. Claro que atualmente todos entendem a
importância da sexualidade na convivência social, na formação e
desenvolvimento da personalidade, mas hoje estamos bem cientes que não é o
centro do ser humano, mas uma parte muito importante e bem relevante.
Dessa maneira Freud vai implantar uma questão muito significativa na
medida em que, analisando aspectos da emoção, sensibilidade, na vida das
pessoas que permitem determinados comportamentos sociais, deixa bem claro
que o homem não é apenas e tão somente um ser racional, como se pensava
desde os primórdios do Iluminismo mas também é dotado de sensibilidade, de
emoção que é absolutamente fundamental no seu desenvolvimento social. Sem
a emoção seremos homens e mulheres extremamente complicados pois que
falta um aspecto importante em nossa constituição psíquica e isso é, em grande
parte, devido ao pensamento de Freud que descobriu essa questão e todas as
suas implicações.
Era próprio do seu tempo e até hoje ainda é muito significativo colocar as
questões da racionalidade e da emoção interligadas aos aspectos de gênero,
assim os homens são dotados de racionalidade enquanto as mulheres de
emoção, sensibilidade mais proeminente do que a racionalidade que
praticamente é inexistente.
Prova disso está posto no comando masculino na sociedade sob vários
aspectos que vão do poder em si até as organizações empresariais, culturais,
científicas etc. enquanto às mulheres tem acesso ainda muito restrito nesses
ambientes ficando muito mais reservadas aos limites da residência e do cuidado
dos filhos, veja que as coisas se entrecruzam no nosso mundo ainda de forma
muito acentuada, mundo este ocidental mas no oriente ainda esses aspectos
são proeminentes e bem mais acentuados.
Mas podemos entender que nos dias atuais o conhecimento é muito mais
abrangente não podendo ficar preso a uma única concepção de racionalidade,
mesmo que importante, mas estando aberta para a questão da emoção, da
sensibilidade.
Em termos mais técnicos a objetividade é fundamental em toda o caminho
do conhecimento, tanto quanto também a subjetividade também tem seus
caminhos próprios, sendo de fundamental importância para o conhecimento
atual.
É possível e, certamente, há muito ainda a caminhar, mas a aproximação
da objetividade e da subjetividade permite um conhecimento muito mais amplo,
mais profundo que se faz necessário no mundo que estamos inseridos.
Há questões que estão sendo propostas como, por exemplo, a inteligência
artificial, a física quântica, a biopolítica e tantos outros campos recentes onde
novos procedimentos de pesquisa e observação vão ser colocados envolvendo
razão e emoção em níveis muito próximos.
Das descobertas do inconsciente realizadas originalmente por Freud se
colocam hoje questões muito mais complexas no que tange ao chamado do
imaginário social que seduz e conduz muitos para finalidades diversas na
sociedade, nem sempre as melhores, porém muito fortes.
Há campos a serem trabalhados e pesquisadores, mundo afora, estão
realizando vários e diferentes trabalhos que indicam novas aberturas, novas
convivências na área do conhecimento que são absolutamente necessárias
dado tudo o que estamos vivenciando.
No momento em que estamos vivendo a globalização e a transformação
provocada por uma mudança de época tudo isso tende a aprofundar a vida em
sociedade buscando alternativas e novos caminhos para a melhor convivência
humana.